COMPETÊNCIA (lucas)
COMPETÊNCIA
Competência é uma palavra do senso comum, utilizada para designar uma pessoa qualificada para realizar alguma coisa. O seu oposto, ou o seu antônimo, não implica apenas a negação desta capacidade, mas guarda um sentimento pejorativo, depreciativo. Chega mesmo a sinalizar que a pessoa se encontra ou se encontrará brevemente marginalizada dos circuitos de trabalho e de reconhecimento social.
O dicionário Webster (1981, p. 63) define competência, na língua inglesa como: “qualidade ou estado de ser funcionalmente adequado ou ter suficiente conhecimento, julgamento, habilidades ou força para uma determinada tarefa”. Esta definição, bastante genérica, menciona dois pontos principais ligados à competência: conhecimento e tarefa.
Nos últimos anos, o tema competência entrou para a pauta das discussões acadêmicas e empresariais, associado a diferentes instâncias de compreensão: no nível da pessoa (a competência do indivíduo), das organizações (as core competences) e dos países (sistemas educacionais e formação de competências).
O conceito de competência, que emerge na literatura francesa dos anos 90, procurava ir além do conceito de qualificação. Zarifian (1999) foca três mutações principais no mundo do trabalho, que justificam a emergência do modelo de competência para a gestão das organizações:
- A noção de incidente, aquilo que ocorre de forma imprevista, não programada, vindo a perturbar o desenrolar normal do sistema de produção, ultrapassando a capacidade rotineira de assegurar sua auto-regulação; isto implica que a competência não pode estar contida nas pré-definições da tarefa; a pessoa precisa estar sempre mobilizando recursos para resolver as novas situações de trabalho.
- Comunicação: comunicar implica compreender o outro e a si mesmo; significa entrar em acordo sobre objetivos organizacionais, partilhar normas comuns para a sua gestão.
- Serviço: a noção de serviço, de atender a um cliente externo ou interno da organização precisa ser central e estar presente em todas as atividades; para tanto, a comunicação é fundamental.
Comum às três visões estão as noções de que: a) Competência é um processo, cujos resultados podem ser medidos; e b) Competência é um conceito indissociavelmente ligado a Pessoa.
A competência do indivíduo não é um estado, não se reduz a um conhecimento ou know how específico. Le Boterf (1995) situa a competência numa encruzilhada, com três eixos formados pela pessoa (sua biografia, socialização), pela sua formação educacional e pela sua experiência profissional. A competência é o conjunto de aprendizagens sociais e comunicacionais nutridas a montante pela aprendizagem e formação e a jusante pelo sistema de avaliações. Segundo ainda este autor: competência é um saber agir responsável e que é reconhecido pelos outros. Implica saber como mobilizar, integrar e transferir os conhecimentos, recursos e habilidades, num contexto profissional determinado.
Um indivíduo competente é aquele capaz de avaliar e agir adequadamente frente a uma determinada situação, tomando providências proporcionais à gravidade dos fatos ocorridos, ou seja, reagir na mesma medida (simetria) deles. Ampliando tal conceito, Perrenoud [2000] define Competência como a mobilização correta, rápida, pertinente e criativa de múltiplos recursos cognitivos (saberes, informações, valores, atitudes, habilidades, inteligências, esquemas de percepção, de avaliação e de raciocínio) para solucionar um problema de uma família de situações análogas. Para Fleury & Fleury [2001] o termo pode ser sumarizado como um saber agir (savoir faire) responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar e transferir conhecimentos, recursos e habilidades para agregar valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.
Competências Básicas
Competências básicas – na forma de conhecimentos, habilidades, atitudes, interesses, traços, valor ou outra característica pessoal – são aquelas características pessoais essenciais para o desempenho da atividade e que diferenciam o desempenho das pessoas. Todo funcionário precisa possuir um conjunto de competências básicas para desenvolver suas atividades na empresa. Quando o funcionário possui um elevado perfil de competências, demonstra as qualidades requeridas para levar adiante determinadas missões. Pode-se observar as competências básicas no cotidiano de trabalho ou em situações de testes. O importante é adquirir e agregar novas competências que sejam fundamentais para o sucesso do negócio da empresa, sob pena de investir em treinamento sem retorno para as necessidades reais da organização. Daí a gestão por competências: um programa sistematizado e desenvolvido para definir perfis profissionais que proporcionem maior produtividade e adequação ao negócio, identificando pontos de excelência e pontos de carência, suprindo lacunas e agregando conhecimento e tendo por base certos critérios mensuráveis objetivamente. A gestão por competência procura substituir o tradicional levantamento de necessidades de treinamento por uma visão das necessidades do negócio e como as pessoas poderão aportar valor à empresa. Entretanto, quais são essas competências? Meister salienta que as novas competências exigidas pelas empresas aos novos ambientes de negócios são as seguintes:
- Aprender a aprender: As pessoas devem contribuir construtivamente em tudo e, para tanto, devem ter condições de aprender continuamente.
- Comunicação e Colaboração: Antes, o bom desempenho significava executar um conjunto de tarefas repetitivas e a qualificação era restrita a cada tarefa em particular. Hoje, com a adoção de equipes, a eficiência do indivíduo está cada vez mais vinculada a habilidades de comunicação e colaboração.
- Raciocínio criativo e resolução de problemas: No passado, a administração paternalista assumia a responsabilidade de solucionar problemas e aumentar a produtividade do trabalhador. Hoje, espera-se que os funcionários descubram por si próprios como melhorar e agilizar seu trabalho. Para tanto, eles precisam pensar criativamente, solucionar problemas e analisar situações, fazer perguntas e esclarecer o que não compreendam para sugerir melhorias.
- Conhecimento tecnológico: No passado, conhecer tecnologia significava saber como operar máquinas ou computadores para processar textos ou análises financeiras. Hoje, a ênfase está em usar o equipamento de informação que conecte com os membros da equipe ao redor do mundo. Além de realizar tarefas, comunicar-se com pessoas em todo o mundo, compartilhando idéias e melhorias nos processos de trabalho.
- Conhecimento de negócios globais: Hoje predomina a necessidade de pessoas treinadas em um conjunto de habilidades que levem em conta o ambiente competitivo global, mutável e volátil.
- Desenvolvimento da liderança: O novo imperativo é a identificação e desenvolvimento de pessoas capazes de conduzir a empresa para o século 21. Em vez de programas externos de educação para executivos, as empresas estão elaborando programas personalizados de aprendizagem.
- Autogerenciamento da carreira: Como as qualificações necessárias evoluem e mudam incessantemente, as pessoas precisam assumir o compromisso de assegurar que possuem as qualificações, o conhecimento e as competências exigidos tanto na atividade atual como nas atividades futuras. Muitas universidades corporativas dispõem de centros virtuais de desenvolvimento de carreira para ajudar as pessoas a identificar as técnicas que precisam aprender.
Competências de Preenchimento de Pré-requisitos para Emprego X Competências de administrar um negócio e crescer aos poucos.
MUDANÇAS E ADAPTAÇÕES EMERGENCIAIS DE COMPETÊNCIA
ERA |
FONTE DE VALOR |
GRUPO DOMINANTE |
Agrícola |
Terra |
Proprietário de Terra |
Industrial |
Capital |
Banqueiro |
Industrial Moderna |
Mercado |
Executivos |
Atual |
Conhecimento |
Indivíduo / Cliente |
FOCAR |
INVESTIR / RESPEITAR |
Definimos assim competência: um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.
O que significam os verbos expressos neste conceito? O quadro a seguir (inspirado na obra de Le Boterf) propõe algumas definições.
Le Boterf (1995) propõe o seguinte quadro sobre o processo de desenvolvimento de competências das pessoas nas organizações:
COMPETÊNCIAS DO LÍDER
TIPOS DE COMPETÊNCIAS
- Competências Técnicas – Conjunto de conhecimentos, habilidades e experiências de uma especialização requerida para a realização técnica de uma determinada operação ou atividade. Ex.: Formação em Administração, Habilidades em Cálculos, Conhecimento de Matemática Financeira, Domínio de Idiomas...
- Competências Comportamentais – Conjunto de conhecimentos, habilidades e experiências expressos no comportamento individual e que permeiam os contatos internos e externos da empresa. Ex.: Comunicação, Iniciativa, Tomada de Decisões difíceis, Pró-atividade, Colaboração...
- Competências Conceituais – Conjunto de conhecimentos, habilidades e experiências que impactam no “business”, nas tomadas de decisões mais amplas, no contexto do mercado – cliente, concorrente, fornecedor e dos ambientes internos e externos. Ex.: Visão Global, Planejamento Estratégico, Macroeconomia...
Exemplo Gráfico:
Principais Práticas da Competência na Liderança
Desenvolver pessoas; Cooperar / participar de equipes; Obter resultados;
Criar equipes; Concentrar-se no cliente; Desenvolver soluções criativas;
Comunicar-se; Criar um ambiente de alto desempenho; Orientar a visão e a direção;
Impulsionar mudanças; Criar laços de relacionamento comercial; Ser um modelo em sua função; Tomar decisões; Gerenciar a diversidade / valorizar o outro; Gerenciar o desempenho; Desenvolver estratégias; Influenciar a organização; Assumir responsabilidade pelas coisas.
Principais Atributos da Competência na Liderança
Integridade /sinceridade /ética;
Iniciativa /orientação para a ação;
Capacidade de realização;
Capacidade de comunicação;
Habilidade de lidar com pessoas;
Energia /entusiasmo;
Orientação para o aprendizado;
Habilidade política;
Capacidade de direcionar e controlar;
Cooperação;
Capacidade de influenciar pessoas;
Raciocínio analítico;
Raciocínio estratégico;
Responsabilidade /comprometimento;
Compreensão de conceitos;
Capacidade de julgamento;
Flexibilidade/adaptabilidade;
Capacidade de tomar decisões;
Autoconfiança/coragem;
Conhecimento do negócio.
Competência é, portanto, segundo Scott Parry:
“Um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionadas, que afeta parte considerável de atividade de alguém e se relaciona com o seu desempenho, que pode ser medido segundo padrões preestabelecidos, e que pode ser melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento”.
Para todas as atividades que desempenhamos, precisamos de conhecimentos, habilidades e atitudes específicas que são nossos diferenciais de entrega de resultados; portanto, podemos definir competências como:
“Conhecimentos, habilidades e atitudes que disponibilizadas adequadamente têm impacto no desempenho e na entrega de resultados para o ambiente organizacional”.
Isto significa que não adianta ter um bom conhecimento técnico e não ter um perfil comportamental compatível com o bom desenvolvimento das atividades, bem como orientado pela estratégia do negócio.
COMO MENSURAR A COMPETÊNCIA?
Através da Avaliação de Desempenho, a partir dos seguintes instrumentos:
Relatórios verbais
Ocorrem quando o funcionário de recursos humanos, de posse da lista de funcionários ou empregados de determinado setor, solicita aos supervisores que, em poucas palavras, dêem os seus pareceres sobre a eficiência de cada colaborador sob sua responsabilidade.
Pontos Negativos |
Pontos Positivos |
Indicações |
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Relatórios escritos
Da mesma forma que nos relatórios verbais, solicita-se ao supervisor que, em poucas palavras, resuma por escrito sua avaliação sobre o valor do colaborador em seu trabalho. Neste caso, também, o supervisor estará inteiramente livre para fazer os comentários que quiser, com o uso do vocabulário que lhe for conveniente, mas de forma escrita.
Pontos Negativos |
Pontos Positivos |
Indicações |
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Modelos formulários analíticos
Ao contrário dos processos anteriores, a composição dos formulários analíticos limita toda e qualquer iniciativa ou liberdade do avaliador. Consta, neste processo, conceitos ou características definidas e pré-graduadas. Resta ao supervisor colocar apenas um “X” na graduação que melhor descreve o avaliado. Esse tipo de avaliação é muito utilizado por grande número de organizações, levando também outras denominações, tais como escalas de classificação ou escalas de avaliação.
Definições das graduações:
I – Inadequado.
II – Normal, mas inferior a média.
III – Normal, mas acima da média.
IV – Excede o padrão normal.
Características e suas definições |
Graduações |
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I |
II |
III |
IV |
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Método e organização: Considere a maneira de desenvolver e entregar os trabalhos. |
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Qualidade do trabalho: Cuidado, segurança, apresentação e exatidão com que apresenta a entrega. |
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Domínio das atribuições ou tarefas: Conhecimentos técnicos e responsáveis pela boa execução do trabalho. |
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Trabalho sob Pressão: Calma e tranqüilidade diante das situações que se apresentam. |
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Postura pessoal: Maneira de trajar-se, trato com a aparência e apresentação pessoal. |
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Relacionamento humano: Comportamento assumido no trato com pessoas, dentro ou fora da empresa. |
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Dinamismo: Capacidade de procurar novas soluções sem prévia orientação dentro do tipo de conduta acertado. |
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Confiabilidade: sigilo com que trata os assuntos da empresa, dentro dela ou com elementos estranhos a ela. |
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